Sobre Infernos: I A Estranheza e Outras Dores

Vez ou outra me pego em um desespero quase profundo, sensação de estar na chuva, na lama, no meio desse labirinto chamado ‘mente’, levantando e tentando concatenar as ideias e descobrir onde estou.


Claro que essa sensação tem várias vertentes, mas a que mais está rondando meus últimos dias (semanas, meses, para ser sincera) é a que vou tentar expelir e dissolver a seguir...





(ouça aqui)
Eu acredito ser uma pessoa muito sincera, sincera ao extremo, sem ser mal educada. Acredito ser uma pessoa muito legal e sempre tento ser agradável aos que me cercam (às vezes azeda ou amarga, devido à sinceridade). Mas... ora e outra eu sempre me pego na sensação de ter dito demais, ter sido muito dura, ter sido inconveniente, entrona, me metido ou ter me enfiado guela a baixo das pessoas. Me sinto chata.


(Please)
Essa chatice é quase um estigma, uma chaga, porque dói, e é uma sensação que não vai embora. Para dar o gosto perfeito a essa receita, vêm à tona todas as minhas auto-cobranças e encanações. Põe no forno por 30 minutos e o resultado é essa estranheza à la Los Hermanos (parece não achar lugar no corpo em que D’us lhe encarnou). Simplesmente não consigo falar, olhar para essas pessoas, pessoas essas que para mim, eu estraguei.
Algumas amizades já foram perdidas assim. Outras se restauraram depois de uma conversa ou depois de um tempo. Mas... a sensação...


Se alguém entende o que estou tentando exprimir e se já conseguiu se curar, por favor, aceito sugestões, porque acho que meu próximo passo daqui é o hospício. Ou a clausura. Às vezes odeio pessoas, contato físico, conversas. Às vezes queria estar fisicamente isolada, porque esse isolamento emocional me parece sofrido demais.


Visitei um Mosteiro no fim de semana. Fui tocada em tantos aspectos que mal consigo expressar.
De cara, o que mais me chamou atenção foi exatamente esse lance da renúncia... “Cara, como alguém pode abrir mão de tudo, da vida toda, para estar aqui... ...Nesse lugar tão bonito, tão bucólico, tão verde, tão calmo, tão puro... Abrir mão... Abrir mão do que? Das contas, da sociedade, das estranhezas, do caos, da rotina, da doença, do automático, do robótico, (risos), como NÃO abrir mão?!”


Depois, vi que, a renúncia, sobretudo religiosa, não se resume só a fugir do mundo mal, vi muitos olhos tristes, vi muitas vidas que poderiam ter vivido muitas coisas belas, vi muitas histórias interrompidas, embora tenha visto uma beleza e uma importância sobrenatural nessa vida “para D’us”. – Só acho que ali havia alguns motivos errados.


Voltar do Mosteiro me deu uma estranheza maior ainda: voltar ao trabalho, voltar ao metrô, ao relógio, ao tempo, à novela das 21hs, aos vizinhos, às contas, aos amigos...
Será que os magoei? Talvez eu não seja tão legal quanto penso. Talvez eu seja ‘sabichona demais’, talvez eu os fira, talvez eu imponha minha opinião... O que há de errado comigo afinal?


Será que todos que chegam perto demais veem um algo tão terrível, so boring que preferem se afastar? Eu afasto as pessoas?



Eu não tenho conclusão nenhuma quanto a esse ‘desabafo’. Na verdade, só espero que aqui escrito, ele possa viver e morrer em paz, longe dos meus pensamentos...

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